terça-feira, 14 de julho de 2015

Meu sonho se tornou realidade

Sempre sonhei em ser cantora. 
É verdade que também já quis ser mecânica de moto, faxineira dos meus pais (adorava arrumar e limpar a casa!), escritora, atriz, estilista... Um bando de coisas. Mas, cantar, desde muito cedinho eu fazia. 
Por volta dos quatro anos de idade, pegava um hidrocor, fazia de microfone e ficava cantando músicas sobre comida para a minha mãe, aquela santa, que dava a maior força, sorrindo e motivando a continuar "compondo" e cantando sobre bolos de chocolate e outras delícias. 
Mesmo quando mudei momentaneamente o sonho musical e comecei a querer ser guitarrista/baterista, aos 12 anos, o fato é que continuava querendo estar na música, trabalhar com música. Queria estar no palco. Continuava querendo viver este tipo de emoção, querendo me comunicar desta forma.
E é muito engraçado perceber que hoje em dia eu vivo aquilo que sonhava na infância/adolescência: faço shows, faço música, vivo neste universo.
Ano passado estava cantando forrós em uma festa junina, feliz, e me peguei pensando (e foi muito forte e emocionante esta percepção): "Estão me pagando para fazer isso. Estão me pagando para eu fazer a coisa que mais me dá prazer. Estou ganhando para me divertir e ser feliz."
É engraçado você notar que um sonho seu se realizou e você talvez nem tenha percebido, nem tenha feito alarde - ou, o que é muito ruim, nem tenha dado valor. 
Talvez eu não tenha notado antes esta realidade pelo fato de que tudo foi acontecendo de forma sutil, natural, aos poucos. Fui fazendo shows, me apresentando, mostrando a cara, me refinando, e as coisas foram acontecendo. Hoje faço shows em festas particulares, em praças públicas, em teatros, apresentações de uma música só em festivais, faço shows em parceria, canto como convidada de outros músicos, sou backing vocal. Faço shows do meu trabalho solo. Faço shows só de forró, ou só de carimbó. E já fiz muitos e muitos shows de rock. Tudo isso mostra que, de fato, há alguns anos que este meu sonho se tornou realidade. 
Parece que às vezes sonhamos tanto, mas tanto, que não imaginamos aquilo se concretizando. O sonho fica lá, estritamente no lugar do sonho. E a realidade ali, só querendo tirar aquele devaneio das nuvens e levá-lo até a vida, ao dia a dia. O problema é que muitas vezes temos medo daquilo que mais amamos, temos medo de que o nosso maior sonho aconteça. É o famoso "medo de ser feliz" - expressão que eu, quando criança, não conseguia entender, mas hoje em dia, lamentavelmente, entendo. Sim, a possibilidade de concretizar grandes coisas dá medo. 
E estas coisas, tão grandes, se tornaram parte de minha vida, e parecem (só parecem) não tão grandes porque se naturalizaram. Mas creio que é muito importante que eu entenda o quanto são enormes. O quanto realizei. O quão incrível é eu ter conseguido me firmar como cantora - mesmo que eu tenha um trabalho paralelo, mesmo que eu não tenha sucesso midiático, mesmo que eu ainda almeje muito mais. Mas o fato é este: sou cantora, algo que sempre quis ser.  
É claro que este sonho vez ou outra foi deixado de lado, por cansaço, por falta de coragem. Há relativamente pouco tempo, uns dois anos, me vi cogitando deixar isso para lá e parar de lutar para ser feliz, pensando no possível alívio inicial que eu sentiria ao abandonar esta empreitada, tão cansativa. É que ter coragem cansa. Lutar pela felicidade cansa. Melhor aceitar a infelicidade, mesmo, e descansar. Só que não, né?
(Digo vez ou outra isso: sempre pensamos no medo de tentar e não conseguir. Temos medo de um possível fracasso depois de tanta luta. Temos medo de não aguentarmos o baque de um possível insucesso. Daí, não fazemos. Mas o engraçado é: não temos medo de uma vida inteira desiludida, não temos medo de sentir uma frustração perene. E o fato é que a tristeza do fracasso momentâneo sempre dá frutos, mesmo que a gente pense que não - o "menor" destes frutos é a experiência.) 
Mas, felizmente, não deixei para lá, e nem vou deixar. Isso não impede que eu faça outras coisas, também, é claro, pois tenho vários interesses. Mas devo confessar que andei saindo do armário pra valer, assumindo que aquilo que mais amo, dentre todos os meus interesses, é isso mesmo: cantar, fazer música. Isso me pegou desde criancinha, e não foi à toa. Sempre foi uma paixão. Já dizia Tim Maia: "Paixão antiga sempre mexe com a gente..." 
O interessante é que minha vida de cantora, que me completa, me inspira e que, aliás, me faz querer criar estes textos, é uma vida incrível e ao mesmo tempo simples, como disse. Não escrevi este texto dizendo que "meu sonho se tornou realidade" porque assinei contrato com uma gravadora, ou porque fui chamada para cantar com um figurão da MPB. Nada disso. Escrevi este texto dizendo isso porque há um ano, em uma festa junina, percebi que aquilo que faço com mais facilidade/prazer/alegria é simplesmente aquilo que, dentre todas as coisas que faço, dá mais prazer e alegria a outras pessoas.
As pessoas querem que eu cante! Tenho certeza que a menina de quatro anos de idade acharia isso um presente especial demais para não ser valorizado. E eu, aos 32, percebo que só posso concordar com ela.  

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