Tenho
tentado muitas coisas. Contato com pessoas que admiro, trocas
musicais com ídolos consagrados, bem como com artistas independentes. Pessoas
que não conheço (ou que mal conheço) e que são muito boas no que fazem. Nisso, me toquei
do seguinte: é possível, é bem provável, que eu esteja sendo considerada uma chata. É possível que nesta minha tentativa de criar novos
laços, de fazer novas parcerias, eu esteja recebendo a etiqueta de pessoa incômoda -- ou eu esteja vestindo esta roupa, depende do ponto de
vista.
(Apenas explicando: não chego a grudar, apenas tento uma vez. Se der,
deu. Não insisto, pois não gosto que insistam comigo. Mas ao menos uma
vezinha eu vou lá e tento.)
E, ao pensar sobre estas minhas tentativas, entendi o seguinte: não importa se vão achar que estou dando em
cima. Não importa se vão achar que estou pegando no pé, que estou
sendo uma loser que não se toca. Se estou sendo a pessoa mais aporrinhante da paróquia. Por que não importa? Porque, foi
mal, gente: tenho que me movimentar e buscar parceiros, a vida é
curta, o tempo voa, quero fazer muito, e para isso não dá para
ficar me privando de experiências possivelmente bacanas em nome do
meu orgulho. Pode até doer caso eu saiba que alguém está me achando inconveniente, mas é dor que dá e passa. Já os resultados bons ficam na memória por muito tempo, mudam a vida para melhor.
Correr
atrás de coisas boas, de pessoas que gosto e admiro e com quem quero
ter contato implica ser ignorada. Implica ouvir algo diferente do que
esperava. Implica não conseguir, ficar triste e frustrada momentaneamente. Mas esta
mesma atitude me proporcionará momentos lindos e amizades, músicas
novas, encontros inesquecíveis. E muitas vezes correr atrás
das pessoas que gosto e admiro significa conseguir o contrário de
tudo isso aí que enumerei. O resultado pode ser exatamente o que eu
queria, ou algo ainda melhor, que eu nem sabia que poderia acontecer. Não
me guiar pelo ego (pois, segundo este danadinho, nunca se deve ficar
na posição frágil, ou seja, naquela de "pedinte", de
correr atrás de alguém, de sair do pedestal para olhar no olho)
fará com que eu consiga muito. Mas é preciso estar preparada para
sofrer. É preciso entender que não é só por ter certeza de que este
é o certo a se fazer que, plim! Em um passe de mágica tudo irá se
resolver. Não, as
pedras no caminho continuarão, e por isso é muito importante estar
bem consigo para não desanimar nem se achar um zé mané durante o
processo -- processo, aliás, que dura para sempre, pois sempre vou querer novas parcerias. Então é preciso ser forte.
A poeta Mary Oliver fez a provocação "Tell me, what is it
you plan to do with your one wild and precious life?". Me pus a pensar, e vi que não pretendo sair frustrada, muito menos ficar viciada em minhas frustrações, remoendo-as com um prazer masoquista. Quero realizar a maioria de meus sonhos (leia-se "planos",
se preferir), mesmo que o medo de ser feliz ainda exista. Eu quero
que ele vá embora e libere o espaço para as boas oportunidades que
surgem volta e meia.
É
preciosa demais a vida, e acho que esqueço disso muito
frequentemente. Se não me esquecesse, não me importaria tanto com
as pedras no caminho, com as respostas ásperas (que podem,
simplesmente, não significar nada além de uma pressa, indisposição
ou qualquer outra coisa sem nenhuma relação com a minha pessoa).
Não me importaria nem um pouco com as respostas que nunca recebi.
Com as desconfianças que posso ter despertado.
Ser
vista como inconveniente e seus derivados é um
preço muito pequeno a se pagar para colocar em prática aquilo que quero e preciso realizar.
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